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25 de maio de 2008

1984 de George Orwell


Fonte
www.nonaarte.com.br


Saiba mais:

Autor: George Orwell
Nascido: Eric Arthur Blair
Nascimento: 25.06.1903 - Motihari - Índia
Morte: 21.01.1950 - Londres - Inglaterra

George Orwell foi um dos escritores mais influentes do século XX. Autor de 1984, A Revolução dos Bichos (O Triunfo dos Porcos), Lutando na Espanha e outros importantes livros do século passado, Eric Arthur Blair (seu nome verdadeiro) descreveu em livro todas as suas vivências como guarda na Birmânia ou como professor (A Filha do Reverendo). Sua obra-prima é a distopia (utopia negativa) de 1984, onde Orwell previu um mundo controlado através da tecnologia, onde a novilíngua e o duplipensar estariam presentes.

Fonte: http://www.duplipensar.net/george-orwell/index.html

O valor da notícia

Jornal Folha de S. Paulo, domingo, 27 de maio de 2007.

A imprensa de qualidade desempenha um papel de liderança: rádio e TVs dependem de temas e contribuições provenientes do jornalismo "argumentativo"

JÜRGEN HABERMAS

Semanas atrás, a página de economia do jornal alemão "Die Zeit" assustou seus leitores com a manchete "O quarto poder corre perigo?". Tratava-se da notícia alarmante de que o "Süddeutsche Zeitung" rumava para um futuro econômico de incertezas.
A maioria dos acionistas quer se ver livre do jornal; caso as coisas se encaminhem para um leilão, é possível que um dos dois bons diários supra-regionais da Alemanha [o outro é o "Frankfurter Allgemeine"] caia nas mãos de investidores privados, fundos de investimento ou conglomerados de mídia.
Haverá quem diga: "Business as usual" [negócios, como sempre]. O que poderia haver de alarmante no fato de que os proprietários queiram fazer uso de seu direito de se desfazer de seus negócios, sejam quais forem seus motivos?
A crise dos jornais, desencadeada no começo de 2002 pelo colapso do mercado publicitário, ficou para trás -no "Süddeutsche Zeitung" e em outros órgãos de imprensa da mesma dimensão. As famílias que agora se dispõem a vender sua participação detêm 62,5% das ações e escolheram um momento propício.
Apesar da concorrência digital e dos novos hábitos de leitura, os lucros vêm aumentando.
Deixando de lado a boa conjuntura econômica, os lucros se devem sobretudo a medidas de racionalização com impacto direto sobre o desempenho e a margem de manobra das redações. Notícias bombásticas à maneira do jornalismo norte-americano ditam a tendência atual.
Assim, por exemplo, o "Boston Globe", um dos poucos jornais de centro-esquerda dos EUA, teve que renunciar a todos os seus correspondentes no estrangeiro, enquanto os grandes encouraçados da imprensa nacional -como o "Washington Post" e o "New York Times"- temem a capitulação diante de fundos ou conglomerados ávidos por "sanear" jornais em vista de taxas de lucro descabidas; no caso do "Los Angeles Times", esse já é fato consumado.

Jugo do lucro
Há três semanas, o "Die Zeit" voltou à carga, falando de um "ataque de Wall Street à imprensa dos EUA".
O que há por trás desse tipo de manchete? Certamente, o temor de que os mercados não façam justiça à dupla função que a imprensa de qualidade até hoje desempenhou: atender à demanda por informação e formação, sem comprometer taxas de lucro aceitáveis.
Mas os lucros em alta não serão uma confirmação de que jornais "enxutos" satisfazem melhor os desejos de seus consumidores?
Conceitos vagos como "profissional", "arrojado" ou "sério" não servem apenas para velar a preeminência concedida ao leitor adulto, que sabe o que quer?
A imprensa terá o direito de, sob o pretexto da "qualidade", cercear a liberdade de escolha de seus leitores?
Por que forçar a leitura de reportagens áridas em vez de "infotainment" [fusão, em inglês, das palavras "information" e "entertainment", informação e entretenimento], comentários objetivos e argumentos circunstanciados, ao invés de encenações apelativas de personalidades e acontecimentos?
A objeção que se manifesta nessas questões se baseia na suposição polêmica de que os consumidores escolhem com autonomia, segundo suas preferências pessoais. Mas essa espécie de verdade acaciana certamente induz ao erro quando se trata de uma mercadoria tão peculiar quanto a informação política e cultural. Pois essa mercadoria a um só tempo atende e transforma as preferências de seus consumidores.

Formação em massa
Não há dúvida de que leitores, ouvintes e espectadores seguem suas preferências ao fazer uso dos meios de comunicação: querem se divertir ou se distrair, querem se informar ou tomar parte em debates públicos.
Mas, quando se interessam por um programa político ou cultural, quando recebem a "bênção matinal realista" da leitura de jornais, todos se expõem -com alguma medida de autopaternalismo- a um processo de aprendizado de resultados imprevisíveis.
No curso de uma leitura, novas preferências, convicções ou juízos podem se formar.
A metapreferência que orienta uma tal leitura se dirige então àquelas prioridades que se exprimem na auto-imagem de um jornalismo independente e que fundamentam o prestígio da imprensa de qualidade.
A polêmica sobre o caráter peculiar da mercadoria "informação e formação" faz pensar no slogan que fez furor quando do surgimento da televisão: essa nova mídia não seria mais que "uma torradeira com imagens".
Pensava-se que a produção e o consumo de programas televisivos podiam ser deixados inteiramente a cargo do mercado. Desde então, as empresas de comunicação cuidam de fornecer programas para seus espectadores enquanto vendem a atenção do público a seus anunciantes.
Sempre que imperou sem peias, esse modo de organização causou danos políticos e culturais. O sistema "híbrido" de televisão [na Alemanha] é uma tentativa de remediar o mal.
E as leis locais, as decisões de tribunais federais e os princípios de programação das emissoras públicas refletem a noção de que as mídias eletrônicas não devem satisfazer apenas as necessidades mais comercializáveis dos consumidores.
Ouvintes e espectadores não são apenas consumidores mas também cidadãos com direito à participação cultural, à observação da vida política e à voz na formação de opinião.
Com base nesses direitos, não é o caso de deixar programas voltados a tais necessidades fundamentais da população à mercê da conveniência publicitária ou do apoio de patrocinadores.
Mais ainda, as taxas que financiam esses serviços também não devem variar ao sabor dos orçamentos locais, isto é, da conjuntura econômica -é o que argumentam algumas emissoras num processo contra os governos locais, em trâmite no Supremo Tribunal Federal alemão.
A idéia de uma reserva pública voltada para a mídia eletrônica pode ser interessante.
Mas algo assim poderia servir de modelo para a organização de jornais e revistas "sérios", como o "Süddeutsche Zeitung" ou o "Frankfurter Allgemeine Zeitung", "Die Zeit" ou "Der Spiegel", para não falar das revistas mensais mais ambiciosas?

Efeito político
O resultado de um estudo sobre fluxos de comunicação pode ter interesse nesse contexto: ao menos no âmbito da comunicação política -ou seja, para o leitor enquanto cidadão-, a imprensa de qualidade desempenha um papel de "liderança": o noticiário político do rádio e da televisão depende em larga escala dos temas e das contribuições provenientes do jornalismo "argumentativo".
Suponhamos que uma dessas redações caia nas mãos de investidores que trabalham com lucros rápidos e prazos curtos: a reestruturação e o enxugamento nesses lugares estratégicos não tardarão a pôr em risco os padrões jornalísticos e a afetar em cheio a vida política.
Pois a comunicação pública perde vitalidade discursiva quando lhe falta informação fundamentada ou discussão vivaz, coisas que não se obtêm sem custos.
A esfera pública não teria mais como opor resistência às tendências populistas e não seria mais capaz de desempenhar funções que lhe cabem no quadro de um Estado democrático de Direito.
Vivemos em sociedades pluralistas. O processo de decisão democrático só pode ultrapassar as cisões profundas entre visões de mundo opostas se houver algum vínculo legitimador aos olhos de todos os cidadãos.
O processo de decisão deve conjugar inclusão (isto é, a participação universal em pé de igualdade) e condução discursiva do conflito de opiniões.
Pois tão-somente a discussão deliberativa fundamenta a suposição de que, no longo prazo, os processos democráticos propiciam resultados mais ou menos racionais.
A formação de opinião por via democrática tem uma dimensão epistêmica, uma vez que envolve a crítica de afirmações e juízos errôneos.
Esse é o papel de uma esfera pública dotada de vitalidade discursiva.
Esse papel se evidencia intuitivamente tão logo se tenha em mente a diferença entre o conflito público de opiniões concorrentes e a divulgação de pesquisas de opinião.
Opiniões que se formam por meio de discussão e polêmica são, a despeito de toda dissonância, filtradas por informações e argumentos, enquanto as pesquisas de opinião apenas invocam opiniões latentes em estado bruto ou inerte.

Mediação
É claro que os fluxos díspares de comunicação numa esfera pública dominada pelos meios de comunicação de massa não permitem o tipo de discussão ou consulta regrada que tem lugar em tribunais ou sessões parlamentares.
Mas isso também não é necessário, pois a esfera pública é apenas um dos elos relevantes: ela faz as vezes de mediação entre discursos e discussões nos foros do Estado, de um lado, e as conversas episódicas ou informais de eleitores potenciais, de outro.
A esfera pública dá sua contribuição à legitimação democrática da ação estatal ao selecionar temas de relevância política, elabora-os polemicamente e os vincula a correntes de opinião divergentes.
Por essa via, a comunicação pública estimula e orienta a formação da opinião e do voto, ao mesmo tempo em que exige transparência e prontidão do sistema político.
Sem o impulso de uma imprensa voltada à formação de opinião, capaz de fornecer informação confiável e comentário preciso, a esfera pública não tem como produzir essa energia.
Quando se trata de gás, eletricidade ou água, o Estado tem a obrigação de prover as necessidades energéticas da população.
Por que não seria igualmente obrigado a prover essa outra espécie de "energia", sem a qual o próprio Estado democrático pode acabar avariado?
O Estado não comete nenhuma "falha sistêmica" quando intervém em casos específicos para tentar preservar esse bem público que é a imprensa de qualidade.

Melhores resultados
O problema é apenas de ordem pragmática: como se alcançam os melhores resultados?
Em certo momento, o governo [do Estado] de Hessen concedeu ao jornal "Frankfurter Rundschau" um crédito subsidiado -sem sucesso. Mas as subvenções diretas são apenas um dos meios disponíveis.
Outros caminhos são as fundações com participação pública ou a renúncia fiscal para famílias envolvidas no ramo.
Nenhuma dessas soluções está livre de problemas. E ainda é preciso aclimatar a idéia de subvenções a jornais e revistas.
Em termos históricos, a idéia de regular o mercado da imprensa tem alguma coisa de contra-intuitivo. Afinal, o mercado foi outrora o cenário em que idéias subversivas puderam se emancipar da repressão estatal.
Mas o mercado só é capaz de desempenhar essa função se as determinações econômicas não penetrarem nos poros dos conteúdos culturais e políticos dispersos no mercado.
Agora, como antes, a crítica adorniana da indústria cultural constitui o ponto central. A observação cética é indispensável, pois nenhuma democracia pode se dar ao luxo de uma falha de mercado nesse setor.

JÜRGEN HABERMAS (1929) é um dos principais filósofos e sociólogos vivos. Colaborou entre 1955 e 1959 com Adorno e Horkheimer no Instituto de Pesquisa Social, em Frankfurt, e lecionou nas universidades de Heidelberg e de Frankfurt. Entre suas obras de maior impacto traduzidas para o português estão "Mudança Estrutural na Esfera Pública", "Direito e Democracia" e "Consciência Moral e Agir Comunicativo" (Tempo Brasileiro). Este texto foi publicado originalmente no jornal alemão "Süddeutsche Zeitung". Tradução de Samuel Titan Jr.

17 de maio de 2008

Morre o precursor da "aldeia global”


Essa matéria foi extraída do Jornal do Brasil e acrescentada no blog do jornalista Ricardo Noblat, em 31 de dezembro de 2007. Porém, o precursor da aldeia global Hebert Marshall Mcluhan – um dos principais teóricos dos meios de comunicação e dos estudos midiológicos – morreu em 31 de dezembro de 1980. Isto é, há 27 anos.
No entanto, vários leitores ficaram confusos com essa informação. É importante ressaltar, principalmente para os futuros jornalistas, que vivemos numa era digital e os receptores modernos ganham outro nome: imersivos, como nos ensina Lúcia Santaella em seu livro "Navegar no Ciberespaço: o Perfil Cognitivo do Leitor Imersivo". Ou seja, para esses leitores a absorção de informações são complexas e, ao mesmo tempo, superficiais.
Para identificar a raiz do equívoco informado por Noblat foi preciso acessar mais de quatro sites e, só depois de vários minutos, percebi que o jornalista buscou essa matéria no site de “arquivo morto” no Jornal do Brasil.
Vale lembrar que o acúmulo de informações traz várias conseqüências. Ou seja, a notícia deixa de ter função e passa a narcotizar em vez de estimular os receptores. Esses conceitos recebem o nome de “disfunção narcotizante” – teoria concebida pelos sociólogos americanos Merton e Lazarsfeld.
Então, quando o indivíduo é bombardeado pelos meios de comunicação eles se livram do trabalho de pensar sobre o que vai fazer com o excesso de notícias. A partir de tal problemática surge à narcotização da consciência.
Assim, Ricardo Noblat publicou diversas notícias em 31 de dezembro de 2007. E para os leitores que não se deram ao trabalho de pesquisar ou até mesmo duvidar dessa informação, o célebre teórico Herbert Marshall Mcluhan morreu ano passado.

Site de "arquivo morto" do Jornal do Brasil:

http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?blogid=57&archive=2007-12

http://jbonline.terra.com.br/editorias/pais/papel/2007/12/31/pais20071231013.html

Blog do Noblat:

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/default.asp?a=111&periodo=200712

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/post.asp?t=morre_precursor_da_aldeia_global&cod_Post=85405&a=111

Larissa Araújo.®

12 de maio de 2008

Trocando em miúdos


A Escola de Chicago é lembrada pelos seus estudos empíricos e por suas pesquisas direcionadas para a cidade de Chicago. Essa cidade americana cresceu rapidamente e a maioria da população era das mais diferentes nacionalidades, ou seja, imigrantes.
No século XX, a cidade de Chicago experimentava vários tipos de desenvolvimentos como a modernização das indústrias, as greves operárias e as evoluções artísticas culturais. Por isso que a sociologia de Chicago foi uma sociologia urbana. Sua ferramenta científica buscava a solução dos grandes desequilíbrios sociais e, principalmente, a identificação do estrangeiro na sociedade americana.

Larissa Araújo.®

6 de maio de 2008

“A notícia como forma de conhecimento”


A frase acima é discutida ainda nos dias de hoje, pois através da notícia e, indispensavelmente, do jornalismo – como forma de contar, narrar e conhecer os fatos – o indivíduo se situa no mundo.
Desde 1940 o assunto tem sido estudado – principalmente pelo jornalista e sociólogo Robert Ezra Park. Antes de chegar ao conceito notícia como forma de conhecimento, Park atuou como jornalista, durante onze anos, em bairros pobres da periferia. Especializou-se em casos da vida real como a marginalidade, imigração, perda dos elementos culturais (aculturação), delinqüência e corrupção.
No ano de 1898 ele abandonou os métodos jornalísticos e ingressa em Harvard para “compreender a natureza e a função de um tipo de conhecimento que chamamos notícia” (Park, 1950).
Park completa seus estudos na Alemanha, dando início a sua formação em Sociologia na Universidade de Heilderberg, em Berlim, e segue os ensinamentos de Georg Simmel, que questiona o “estado de espírito” da cidade, além de observar o psicológico da personalidade urbana, intensificação do estímulo nervoso, mobilidade e locomoção (Simmel, 1903).
A realidade, para Park, é vista como um processo construtivo que dá mobilidade e movimento a esse terreno chamado de “laboratório social”. Segundo ele, esse laboratório seria a cidade com seus signos de desorganização e de marginalidade – características principais estudadas pela Escola de Chicago. (Mattelart, 1999)
Entre 1915 e 1935, Park se pergunta sobre a relação entre os jornais e a integração dos imigrantes na sociedade americana. Ou seja, a partir dessas comunidades étnicas é que Park vê a função dos jornais e, principalmente, das diversas publicações em línguas estrangeiras. A ética do jornalismo e a diferença entre a notícia e a propaganda social (Park, 1922).
Em 1921, Park e o pesquisador E. W. Burgers dão nome a essa problemática como “a ecologia humana”, ou seja, a relação do homem com sua casa – teoria inventada, em 1859, pelo biólogo alemão Ernest Haeckel.
Então, os pesquisadores Park e Burges buscam relacionar e compreender as inúmeras contribuições ecológica vegetal e animal como o estudo das comunidades humanas.
Aos 39 anos, Park defendeu sua tese de doutorado na Alemanha. "A massa e o público" foi o tema do seu estudo. O pesquisador era a figura que mais se destacava na Escola de Chicago, sendo considerado um dos pioneiros dos estudos da comunicação em massa. Neste mesmo ano, ele voltou aos Estados Unidos e trabalhou como assistente do psicólogo William James. Aproveitando a oportunidade, ele toma emprestado dois pensamentos essenciais que podem ser aplicados nos estudos das notícias. Neste contexto existem duas formas de conhecimento: o "conhecimento de" e o "conhecimento acerca de".
O "conhecimento de" seria o que entendemos por senso comum. Ou seja, é a primeira compreensão do mundo resultante de uma herança deixada por um grupo. Essa compreensão pode ser resumida nos hábitos, costumes, tradições e culturas da humanidade. Para Park, o "conhecimento de" é uma espécie de conhecimento intuitivo "que inevitavelmente adquirimos no curso de nossos encontros pessoais e de primeira mão com o mundo que nos rodeia" (PARK, p.169, 1979). E ele continua afirmando:

"Tal conhecimento, com efeito, pode ser concebido como forma de ajustamento orgânico ou adaptação, que representa a acumulação e, por assim dizer, a fusão de uma longa série de experiências. É essa espécie de conhecimento pessoal e individual que faz cada um de nós sentir-se à vontade no mundo que escolheu viver (...) Um conhecimento que se incorpora no hábito, no costume e, por fim, por algum processo de seleção natural, que não compreendemos plenamente no instinto; uma espécie de memória ou hábito social" (PARK, p.169, 1979).

Já o "conhecimento acerca de" é o conhecimento racional, em que existe um esforço de separar o sujeito do objeto. Pode ser considerado também como um saber científico, onde o conhecimento baseia-se na observação e no fato, sendo ele verificado, rotulado, sistematizado e, finalmente, ordenado nesta ou naquela perspectiva, segundo o propósito do pesquisador (PARK, p.171, 1979). Ou, por assim dizer, seria também a construção da notícia. A partir desta análise, o autor situa a notícia e a define pelo interesse público, diferente das formas de comunicações indutivas ou persuasivas, que são semelhantes às formas intuitivas. Isto é, para ele, a partir da notícia que surge a opinião pública.


"A primeira reação típica do indivíduo a uma notícia será, provavelmente, o desejo de repeti-la a alguém. Isso gera a conversação, desperta novos comentários e talvez uma discussão. Mas o que há nesse fato de singular é que, iniciada a discussão, o acontecimento discutido deixa de ser notícia e, sendo diferentes as interpretações de um acontecimento, as discussões se transferem do plano da notícia para o dos problemas que ela suscita. O choque de opiniões e pareceres, que a discussão invariavelmente evoca, termina, via de regra, numa espécie qualquer de consenso ou opinião coletiva - que nós denominamos opinião pública. É na interpretação dos acontecimentos presentes, ou seja, da notícia, que se funda a opinião pública".(STEINBERG, p.176, 1966).

Em 1905, Park participa do projeto Tuskegeem, em Washington. Esse projeto tinha objetivos de fortalecer as comunidades negras do Alabama. O pesquisador além de ser repórter de grandes investigações jornalísticas, ainda tinha energia para lutar pela causa negra e se contrapor a exploração das tropas belgas de Leopoldo II.
Somente com 49 anos, em 1912, Park ingressa na Escola de Chicago. Se torna coordenador do curso de doutorado do departamento de Sociologia da escola e assume a presidência da Sociedade Americana de Sociologia.
Já aposentado, Park sai da Escola de Chicago e, no final de sua carreira, ingressa na Universidade Fisk, em Nashiville, onde publica vários artigos sobre a questão dos negros que conquistaram a liberdade após a escravidão. O pesquisador morre em 7 de fevereiro de 1944.


Larissa Araújo.®


Blibliografia

PARK, Robert. "A notícia como forma de conhecimento". In: Steinberg - Meios de comunicação de massa. São Paulo, Cultix, 1976.
STEINBERG, Charles S. (Org.). Meios de Comunicação de Massa. São Paulo: Cultrix, 1966.
MATTELART, Armand e Michèle. História das teorias da comunicação. São Paulo, 1999.